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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O regresso de Judite de Sousa

Um dia tinha de ser. Um dia a hora de ser mais forte do que a dor tinha de chegar. A hora de erguer a cabeça e enxugar as lágrimas, de retomar à rotina e de regressar ao trabalho que, como a própria Judite referiu, "o trabalho salva". E é isso que nós desejamos (ouso falar no plural), que o trabalho a ajude de alguma forma a atenuar a dor da perda de um filho. Parecem palavras inúteis logo vindas de alguém que não sabe o que é ter um filho, muito menos perde-lo, mas acredito que existe sempre um escape, aliás, como em tudo na vida que nos faz sofrer. Acredito sempre que há algo na nossa vida que, ainda que de forma temporária, nos faz esquecer o que deixa o nosso coração bem apertadinho. Que nos alivia por momentos e nos deixa viver. Este é o grande desafio de Judite, o ser mais forte que a grandiosidade da sua dor. Um desafio doloroso é certo. As roupas pretas, o seu olhar triste e vazio, a sua voz e mãos trémulas, sinais visíveis de dor que não deixaram indiferentes cada telespectador, dão prova disso. Mas a vida continua, independentemente de tudo, continua. Vamos encontrar sempre obstáculos, uns piores que outros, uns mais difíceis de lidar que outros, mas o nosso grande desafio será sempre dar a volta por cima. Quis o destino que Judite regressasse ao trabalho com uma entrevista a um jovem de 29 anos, a mesma idade que o seu filho tinha, uma grande prova de fogo que penso ter sido superada com todo o seu profissionalismo que lhe é reconhecido. E que assim seja, que supere aos poucos e poucos (nunca por completo é certo) a dor que só ela sente, a dor de uma mãe que perdeu um filho. Força Judite.
24-09-2013 15-51-22

4 comentários:

  1. Também acredito que há alguma coisa que nos ajuda a superar, mesmo que a dor permaneça sempre dentro de nós. É bom tê-la de volta

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  2. Sem dúvida que não é fácil para a Judite. O trabalho é refugio mais adequado para ela. É notável os efeitos desta perda nela. Apesar de tudo, ela está no que gosta, com pessoas que gosta e que a apoiam incondicionalmente.

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  3. Há coisas que nenhum escape e nem o tempo cura. O tempo da Judite foi muito curto, o que se notou perfeitamente na entrevista, No entanto, temos de lhe reconhecer mérito. Eu não conseguiria ter a postura dela.

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  4. Concordo, há sempre um escape...

    Vanessa S.
    De Saltos por Lisboa,
    desaltosporlisboa.blogspot.pt

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